Carta do Gestor/Informativo Mensal de Novembro de 2025
- Carta do gestor
- 8 de dezembro de 2025
Em novembro, os mercados registraram volatilidade em função das dúvidas sobre um possível corte de juros pelo Federal Reserve em dezembro. O discurso mais duro de Jerome Powell na última reunião, citando a falta de dados causada pelo shutdown e comentários sobre possíveis excessos nos preços das ações ligadas à inteligência artificial, que levantaram preocupações sobre uma bolha, levou o mercado a recuar aproximadamente 5% das máximas.
O vice-presidente do FED, John Williams, afirmou em sua última fala que ainda vê espaço para mais um corte de juros. O mercado interpretou isso como um sinal relevante, considerando sua forte proximidade com Powell. Com isso, a probabilidade de redução em dezembro saltou de 40% para 80%. Somado ao período de buybacks das empresas americanas na última semana do mês, as bolsas quase anularam as quedas acumuladas.
Na Europa, o Banco Central Europeu afirmou em sua última ata estar confortável com o nível atual de juros, considerando-o suficientemente restritivo para lidar com choques. No entanto, mantém a possibilidade de novos cortes caso necessário. Além disso, houve redução das incertezas ligadas à política comercial dos Estados Unidos, o que ajudou a diminuir a volatilidade nas expectativas de juros.
No Japão, a nova primeira-ministra Sanae Takaichi anunciou um pacote de estímulo de 17,7 trilhões de ienes após a primeira queda do PIB em seis trimestres, refletindo retração no investimento residencial, exportações fracas e consumo estagnado, movimento que já era esperado após o forte crescimento do segundo trimestre. A inflação acelerou para 3%, mas as apostas de alta de juros nos próximos meses diminuíram, levando à desvalorização do iene. A ministra das Finanças, Satsuki Katayama, mencionou publicamente a possibilidade de intervenção cambial, mas a reação limitada do mercado indicou ceticismo quanto a uma ação imediata.
O Banco da Inglaterra manteve a taxa de juros em 4% em uma votação apertada, de 5 a 4. O comitê avaliou que, se o processo de desinflação continuar, é provável uma trajetória gradual de queda. A probabilidade de corte em dezembro subiu para 80% após o CPI de outubro recuar para 3,6%, influenciado pelo arrefecimento dos preços de energia e serviços.Havia grande expectativa em torno do orçamento apresentado por Rachel Reeves. Após a divulgação, o mercado reconheceu maior previsibilidade fiscal para o governo Starmer, embora persistam dúvidas sobre o impacto de longo prazo. O plano trouxe pouca sinalização de crescimento, nenhuma reforma tributária ampla e incluiu aumento de impostos sobre trabalhadores e famílias de alta renda, elevando a carga tributária ao maior nível histórico.
Na China, houve alívio após os Estados Unidos suspenderem tarifas portuárias sobre embarcações chinesas e reduzirem de 20% para 10% a tarifa sobre o fentanil, além da queda das tarifas recíprocas de 34% para 10%. Mesmo assim, as exportações chinesas surpreenderam negativamente, com queda de 1,1% em outubro, o primeiro recuo desde fevereiro, impulsionado pelo enfraquecimento da demanda global e pela forte queda nos embarques para os Estados Unidos. A inflação chinesa subiu 0,2% em outubro, revertendo a queda de setembro, mas analistas veem o movimento como pontual, ligado à Golden Week. O núcleo avançou para 1,2%, mas a economia segue fraca, com pressões deflacionárias persistentes e a menor expansão de crédito em mais de um ano.
No Brasil, a principal notícia foi a reversão das tarifas americanas sobre produtos brasileiros, retornando ao patamar de 10%. A inflação segue melhorando, mesmo que lentamente, mostrando que a política monetária está surtindo efeito. O mercado começa a apostar que janeiro poderá marcar o início do ciclo de cortes de juros, dadas a desaceleração econômica, as expectativas ancoradas e a contribuição do câmbio para a desinflação. Mesmo com o presidente do Banco Central mantendo discurso mais duro, o mercado segue confiante na redução em janeiro. O BC deve manter a taxa em dezembro, mas o tom do comunicado do Copom será determinante para confirmar a possibilidade de corte no início do ano.
Em novembro, tivemos ganhos na bolsa americana e também nos juros no Brasil, onde mantemos uma posição moderada apostando em queda a partir de janeiro. Nossa posição comprada em dólar gerou perdas no mês, assim como nossa exposição ao iene, que também contribuiu negativamente para o resultado. Na bolsa, estamos apenas com operações táticas de curto prazo, sem posição direcional no momento, aguardando oportunidades de compra. Entramos em dezembro focados em fechar o ano da melhor maneira possível, sempre buscando chegar ao topo da montanha.
