Carta do Gestor/Informativo Mensal de Outubro de 2025

O mês de outubro foi positivo para os mercados globais, com os principais índices de ações renovando recordes em várias partes do mundo. Destacaram-se o Japão (+31%), o Ibovespa (+24%), o Nasdaq (+22%) e o DAX alemão (+20%). O ouro também apresentou bom desempenho, com alta de 4% no mês e 52% no acumulado do ano. A melhora geral foi impulsionada pela sinalização de avanço nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, ainda que em meio a ruídos e incertezas.

Nos Estados Unidos, a economia segue impactada pelo shutdown governamental, que já dura 30 dias e caminha para ser o mais longo da história. Mesmo com a ausência de dados oficiais de emprego e inflação, o Federal Reserve reduziu a taxa básica para 3,75%, contribuindo para o rali de outubro e estimulando alocação em bolsas e mercados emergentes. O comunicado do Fed, contudo, adotou tom de cautela em relação à próxima reunião, em dezembro. Embora o mercado atribuísse 90% de probabilidade a um novo corte, o banco central destacou que a taxa já se aproxima de um nível neutro e que a falta de dados recomenda prudência.

O Fed também mencionou que o mercado de trabalho não mostrou deterioração relevante e que a inflação permanece acima da meta, levando vários membros a defender uma pausa técnica para avaliação. Sobre a atividade econômica, o banco ressaltou que o consumo é sustentado pelas faixas de renda mais elevadas e por investimentos em data centers e inteligência artificial. Por fim, anunciou que encerrará o processo de redução do balanço patrimonial em 1º de dezembro, após constatar que as reservas bancárias atingiram níveis mínimos adequados.

Na Europa, o Banco Central Europeu manteve a taxa de juros em 2%, em linha com o esperado, e reiterou que as próximas decisões dependerão dos dados. A inflação permanece próxima da meta, com o núcleo ainda pressionado pelos serviços. O mercado de trabalho segue robusto, com taxa de desemprego de 6,3%, próxima da mínima histórica. A autoridade monetária avaliou que os riscos geopolíticos continuam, especialmente relacionados à guerra na Ucrânia, mas reconheceu melhora na atividade, impulsionada por investimentos públicos em infraestrutura e defesa, avanços em inteligência artificial, e um ambiente comercial mais estável após a trégua entre Estados Unidos e China e o cessar-fogo em Gaza.

No Japão, Sanae Takaichi foi eleita pelo Partido Liberal Democrata como primeira-ministra. Conhecida por defender políticas fiscais expansionistas, sua eleição elevou as expectativas de aumento dos gastos públicos e reduziu as apostas em novos aumentos de juros. O iene se desvalorizou, a bolsa japonesa atingiu máximas históricas e os rendimentos dos títulos soberanos subiram para os maiores níveis desde 2008, refletindo preocupações com endividamento e inflação. O Banco do Japão manteve a taxa básica em 0,5%. O presidente Kazuo Ueda sinalizou que um aumento poderá ocorrer em breve, observando as negociações salariais antes de agir. Tudo indica que uma elevação da taxa pode ocorrer ainda em dezembro.

No Reino Unido, a taxa de desemprego subiu para 4,8% no trimestre encerrado em agosto, o maior nível desde 2021, enquanto o crescimento salarial no setor privado desacelerou para 4,4%, abaixo do esperado. Esses dados reforçam as apostas em cortes de juros à frente. O governo prepara um pacote emergencial para estimular o setor de construção, especialmente em Londres, onde a desaceleração é acentuada — projeções indicam que, sem intervenção, apenas 15 a 20 mil unidades habitacionais estarão em obras até 2027, contra cerca de 60 mil antes da pandemia.

Na China, o principal destaque foi o encontro entre o presidente Joe Biden e o líder Xi Jinping, que prorrogou a trégua comercial e reduziu tarifas, marcando um avanço nas relações entre as duas maiores economias do mundo. O acordo prevê que os Estados Unidos reduzam pela metade as tarifas sobre alguns produtos chineses, enquanto Pequim retoma compras de commodities agrícolas como soja e sorgo. Também foi anunciada a suspensão, por um ano, dos controles sobre exportações de ímãs de terras raras e o compromisso de cooperação em comércio, energia e inteligência artificial.

A inflação chinesa apresentou núcleo no maior nível desde 2024, impulsionado por altas em bens industriais e serviços, enquanto a queda nos alimentos manteve o índice geral controlado. A atividade econômica mostrou leve retração no setor industrial e estabilidade em serviços, em parte devido ao feriado prolongado da Golden Week. Houve recuo na demanda doméstica e a primeira queda nas exportações desde abril. O setor de construção registrou a terceira contração consecutiva, refletindo tanto sazonalidade quanto tensões externas.

No Brasil, o destaque foi a reaproximação diplomática entre o presidente Lula e o governo norte-americano durante o encontro na ONU, com promessa de diálogo voltado à redução gradual de tarifas comerciais. No front econômico, observou-se melhora na inflação corrente e queda nas expectativas inflacionárias, o que levou o mercado a projetar início do ciclo de redução de juros já em janeiro. O Copom de novembro deve manter tom conservador, mas reconhecer a evolução positiva do quadro inflacionário.

A elevação dos juros começa a impactar a inadimplência. Alguns casos corporativos pontuais (Cosan, Ambipar e Braskem) geraram aumento do risco Brasil, valorização do dólar e queda momentânea das bolsas, movimento que foi parcialmente revertido no fim do mês, com a melhora da percepção global de risco e expectativa de cortes de juros nos EUA.

Em outubro, o fundo obteve ganhos nas posições em dólar, bolsa americana e juros, e perdas na bolsa brasileira e na moeda japonesa. Mantemos postura tática, buscando aproveitar a volatilidade e posicionamentos seletivos. Seguimos confiantes na trajetória de recuperação, em nossa caminhada contínua rumo à retomada do terreno perdido.